Fortune Gems

Implicações para a varejista

GPA (PCAR3): ação salta 13% após magnata oferecer R$ 4 bi por Éxito, mas empresa aceitará oferta?

Analistas veem desconto grande em relação ao valor de mercado do Éxito, mas apontam que alavancagem do GPA falará mais alto; recomendação neutra é reforçada

Por  Lara Rizério -

O noticiário desta semana tem sido movimentado para o GPA (PCAR3), que detém a varejista de supermercados Pão de Açúcar. Após a notícia de que o grupo francês Casino pode vender a participação na empresa, os investidores repercutem nesta quinta-feira (29) o comunicado de que o magnata colombiano Jaime Gilinski apresentou à companhia uma oferta não solicitada e não negociada previamente para a aquisição da totalidade da participação societária do GPA no Grupo Éxito.

Segundo fato relevante, a oferta vinculante – válida até 7 de julho – tem valor equivalente a US$ 836 milhões, ou cerca de R$ 4 bilhões, a ser pago em dinheiro pela participação acionária total de 96,52% do GPA no Éxito. O conselho de administração da varejista se reunirá para avaliar a oferta, acrescentou o documento.

Se aceita pelo GPA, seria paga à vista e concretizada por meio de uma oferta pública de aquisição de ações (OPA).

Com isso, nesta quinta, as ações PCAR3 saltaram 13%, a R$ 18,26.

A XP destaca que o valor oferecido está acima da sua projeção para o ativo em 41%, mas abaixo do seu valor de mercado atual em 36% e do valuation implícito (em 47%) que é esperado pelo GPA em seu plano de desinvestimentos divulgado para o mercado.

“Nós acreditamos que isso pode representar um desafio para a aceitação da oferta pelo Conselho, mas a atual situação de alavancagem do Casino e do GPA pode falar mais alto e, portanto, vemos um risco baixo da oferta não se concretizar”,  apontam Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday, analistas que assinam o relatório.

Os analistas estimam o valor justo do GPA com base (i) no valuation da oferta e (ii) no valuation do GPA Brasil com base em uma abordagem de múltiplo-alvo, dados os riscos de reestruturação e execução que estão em andamento na empresa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O anúncio é visto como positivo pela equipe, ao permitir que o GPA se desfaça completamente da operação do Éxito em uma transação a ser paga em dinheiro, enquanto ela poderia acelerar o desinvestimento do grupo controlador (Casino) no GPA Brasil, pois acredita que o ativo seja mais atraente para investidores estratégicos sem a participação no Grupo Éxito.

“No entanto, mantemos nossa recomendação neutra por acreditarmos que a ação já deve precificar a transação no pregão de hoje, enquanto não vemos muito espaço para reavaliação dos níveis atuais de preços, assumindo uma margem líquida normalizada ainda abaixo de 1% para 2024 e um múltiplo alvo de Preço/Lucro de 7- 8 vezes para o GPA Brasil”, apontou, em relatório antes da abertura do pregão.

Masterclass
As Ações mais Promissoras da Bolsa
Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

Goldman Sachs e Morgan Stanley também reforçaram recomendação neutra para o ativo após o anúncio.

O Morgan destaca que a oferta proposta oferece contraprestação em dinheiro que pode ajudar na desalavancagem (ou retorno de capital) da CBD, ainda que também calcule um desconto alto (-34%) em relação ao último preço de fechamento do Éxito.

Os analistas do banco destacam que, com a controladora Casino (que detém 40,9% do grupo GPA) apresentando recentemente um plano estratégico incluindo as participações do GPA e Éxito como parte de seu programa de alienação de ativos até 2024, pode haver benefícios com a operação – com uma combinação de desalavancagem (para o GPA) e retorno de capital (aos acionistas).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“No entanto, com o elevado desconto implícito, a aceitação da oferta eliminaria o potencial de criação de valor futuro e a opcionalidade de rentabilizar o Éxito a um preço mais elevado”, apontam.

Assim, embora GPA e Éxito negociem a múltiplos de EV/Ebitda (valor da firma sobre lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) considerados pouco esticados (ou seja, considerados baratos), aguardando maior clareza sobre a recuperação operacional do GPA Brasil e esforços de racionalização de portfólio, os analistas do Morgan seguem com recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado) para PCAR3. O preço-alvo é de R$ 18, ou um potencial de valorização de 11,4% frente o fechamento da véspera.

O Goldman tem recomendação neutra e também possui preço-alvo de R$ 18 para os ativos. O banco reforça a avaliação de que o valor oferecido representa um forte desconto de mais de 30% sobre o valor de mercado atual do Grupo Éxito de cerca de US$ 1,3 bilhão, mas também avalia que a liquidez das ações é atualmente limitada, devido ao pequeno free float.

“Embora não tenhamos uma opinião sobre se a empresa seguiria em frente com o acordo, assumindo um pagamento único, a alavancagem financeira do GPA tornaria o caixa positivo sob uma dívida líquida pró-forma (excluindo aluguéis)”, apontam.

O banco ainda faz um breve histórico do bilionário Jaime Gilinksi, que fez a oferta. Gilinski é um banqueiro e incorporador imobiliário colombiano. No passado, ele fez várias aquisições e/ou deteve participações significativas em diferentes bancos não apenas na Colômbia, mas também com operações em outros países da América Latina e até na Europa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Nos últimos anos, Gilinski (em parceria com outros investidores) também esteve envolvido em ofertas públicas de aquisição envolvendo o Grupo Nutresa (uma das maiores empresas de processamento de alimentos da América Latina) e o Grupo Sura (um dos maiores conglomerados financeiros da América Latina).

Dúvidas no radar

Destoando das outras casas, o Bradesco BBI manteve recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ativos PCAR3, com preço-alvo de R$ 30 (upside de 86% frente o fechamento da véspera).

Os analistas lembram ainda que, caso o Conselho de Administração do GPA aceite a oferta, o processo de cisão em curso das operações da Éxito seria totalmente interrompido. Caso o Conselho do GPA não aceite, o GPA dará continuidade ao processo e listará as ações da Éxito na bolsa de valores colombiana e distribuirá Brazilian Depositary Receipts (BDRs) para investidores brasileiros e American Depositary Receipts (ADRs) para investidores estrangeiros.

O banco também vê o forte desconto da operação, mas acredita que a oferta será aceita por conta do momentum fraco para os resultados da companhia. Porém, ainda residem algumas dúvidas para os analistas, listadas a seguir:

  • Quanto do capital seria direcionado para o pagamento da dívida do GPA Brasil?
  •  Quais as chances de dividendos extraordinários aos acionistas do GPA Brasil?
  •  Prejuízos acumulados no GPA Brasil ajudariam a reter o pagamento à vista de R$ 4 bilhões?
  •  Qual é a opinião do Casino sobre o valuation da oferta?
  •  Quanto dinheiro o Casino receberia caso a Diretoria do GPA não aceitasse a oferta?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Newsletter
Infomorning
Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia
Compartilhe
Fortune Gems Mapa do site